O Mestre da Luz

Codinome dado para Henning Larsen, arquiteto dinamarquês, por utilizar nos seus projetos como um dos elementos fundamentais a iluminação natural e artificial. Por que ele está tendo o seu espaço no blog? No dia 22 de junho, aos 87 anos, Larsen faleceu enquanto dormia.

Mas vamos homenageá-lo mostrando as suas melhores obras! Afinal, deste mundo nada se leva!

Até hoje, poucos são os arquitetos que realmente conseguem dominar com maestria e qualidade todas as condicionantes para a excelência na projetação.

Contando com mais de 200 profissionais ao seu dispor no seu escritório baseado em Copenhagen, Larsen era responsável por desenvolver projetos em todo o mundo.

De traços característicos, assim como Niemeyer, este ano uma de suas últimas obras finalizadas, a Harpa Concert Hall and Conference Centre, ganhou o prêmio Mies Van der Rohe 2013. O projeto, situado na cidade de Reykjavík da Islândia, conta com a  colaboração da empresa local de arquitetura, arquitetos Batteríið e se inaugurou em agosto de 2012.

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Transparência, luz e natureza foram os conceitos chave para o projeto.

A obra, localizada entre a terra e o mar, se destaca por refletir a paisagem – porto e céu – e a animação da cidade. As auroras boreais e a dramaticidade da natureza da Islândia serviram de inspiração para o projeto.

As montanhas maciças aparecem formalmente nas salas, formando um forte contraste com a fachada expressiva e aberta. A maior sala, a sala principal de concertos, se localizada no centro.

As fachadas foram elaboradas com a colaboração entre Henning Larsen Architects e Olafur Eliasson (sim! ele novamente aqui entre nós) e a empresa de engenharia RambøllArtEngineeringGmbH . A fachada sul, por exemplo, é feita em vidro e aço com um sistema geométrico modular de mais de 1000 módulo,  Semelhante a um caleidoscópio de cores.

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Harpa_Concert_Hall_02

Harpa_Concert_Hall_05

imagens do site Henning Larsen Architects

Olafur Eliasson

Em homenagem a este grande artista que está expondo algumas obras em São Paulo neste mês, resolvi registrar aqui neste blog alguns de seus mais impressionantes trabalhos relacionados ao utilizo da luz na arte.

Eliasson, nascido em Copenhagen, estudou na Academias de Finas Artes da Dinamarca, trabalhou em Nova York, Colônia e em 1995 montou seu Studio em Berlim, que hoje conta com uma equipe de mais de 45 pessoas, entre elas arquitetos, engenheiros, escritores e filósosfos.

Eliasson também é professor da Universitat der Kunste Berlin, onde há um projeto paralelo muito interessante chamado Instituto de Experimentos Espaciais (Institut fur Raumexperimete), onde ali ele e seus alunos abrangem, vivenciam e experimentam de uma forma menos convencional e mais livre todas as formas de arte, relacionando estas sempre com o seu entorno, a cidade e a sociedade. Eliasson acredita que o modo como é o ensino hoje é muito limitante: “Uma educação alternativa deve oferecer ferramentas para a criatividade em proporções artísticas que tenham conseqüências para o mundo. Eu espero estabelecer uma escola de perguntas ao invés de respostas, de incertezas e dúvidas. E se mudanças cruciais acontecem em um nível microscópico, um sociedade inteira pode com o tempo mudar”, diz ele.

Esta é a essência da sua arte, utilizando elementos simples como a luz, vidro e água, ele cria experiências visuais e sensoriais decorrentes do nosso próprio cotidiano, das paisagens naturais que nos rodeiam, trazendo uma reflexão e outros pontos de vista sobre aspectos e momentos que nos deparamos muitas vezes, talvez até mais que uma vez no mesmo dia.

É nada mais que a poetização do relacionamento entre este ser complexo que é o ser humano com o espaço em que ele vive.

Algumas obras que acho interessantes:

Beauty: com o intuito de recriar paisagens e sensações do dia-a-dia para dentro dos museus, ele recria um arco-íris a partir de gotículas de água, deixe que ele mesmo te explique, veja:

Ele levou também cachoeiras que brotam de seus prédios e pontes em Nova York, com Waterfalls (foto) esta mostra também já esteve no Brasil em 1998.

 360 room for all colours: o visitante experimenta com intensidade o expectro de cada cor.

O incomparável The Weather Project, um pôr-do-sol dentro do Tate Modern, em Londres, que já passou por aqui neste blog em outro post!

Colour Spectrun Kaleidoscope:

I Only see things when they move, onde vidros com diversos filtros coloridos quando rotacionados criam este espaço dinâmico com a luz.

Quase Bricks, com espelhos em diversas posições ele cria uma parede caleidoscópica.

Your invisible House:

Colour square sphere:

Multiple Shadow house:

Mikroskop:

Harpa Reykjavik Concert Hall and Conference Centre:

Como o tempo é inseparável do espaço, é também a forma do conteúdo. Arte não é um exercício formal. Para mim, duração, espaço, forma, intenção e engajamento individual constituem uma complexidade na qual devemos articular e amplificar.” Olafur Eliasson.

*Imagens: http://www.moma.org/interactives/exhibitions/2008/olafureliasson/#/intro/                    http://www.olafureliasson.net/index.html

Olafur Eliasson e a importância do sol

Não é a toa que no primeiro post eu mencionei a frase da Bíblia FIAT LUX! (e que se faça a luz!).

Sem entrar em méritos religiosos, a luz solar está intrinsecamente ligada ao nosso organismo. Não é só uma questão psicológica, o sol ativa os nossos hormônios – melatonina e serotonina – e regula o nosso ciclo circadiano, que nos fazem ter sono durante a noite e despertar de manhã com a luz do sol. Esse ciclo também pode ser alterado com a luz artificial. E aqui está a verdadeira importância de um projeto luminotécnico bem realizado: a qualidade do sono.

Mas tem outros fatores que só a luz do sol pode nos fornecer: a absorção da vitamina D que fortalece o nosso sistema através da radiação UVB. Estudos afirmam que a produção da vitamina deve ser potencializada em países onde a incidência solar é menor com apenas meia hora ao dia, rosto e braços expostos SEM proteção solar. O protetor solar nesse sentido, acaba bloqueando tanto raios UVA como o UVB. Então, já que o ideal é ter nessa meia hora a pele totalmente “desprotegida”, temos que usar a consciência para a exposição nos horários corretos. Nada de se colocar ao meio-dia embaixo do sol. Mesmo no inverno ele queima.

Há alguns anos atrás, Olafur Eliasson, um lighting designer dinamarquês – que estará expondo sua obra na Bienal de SP este ano – realizou uma instalação no Tate Modern em Londres.

Todo mundo sabe que Londres é conhecida como a cidade da neblina, onde pouco se vê o sol, durante todo o ano.

A ideia dele foi justamente transportar o sol, que quase não tem lá, para dentro do edifício. A instalação “The Weather Project” foi um experimento atmosférico com os londrinos: um sol que não se põe nunca durante todo o inverno. Utilizando toda a sala das turbinas, da antiga central elétrica onde hoje se encontra o museu, comprida 155 metros e larga 23 metros, Olafur Eliasson montou um sol artificial com 200 lâmpadas a vapor de sódio atrás de uma semi-esfera translúcida. O teto foi todo revestido por lâminas espelhadas, assim a semi-esfera se transforma na esfera completa correspondendo ao sol. O vapor de sódio foi escolhido como tecnologia da lâmpada pela cor da emissão de luz, amarela-alaranjada, lembrando o sol quando se põe.

O legal de tudo isso é que a instalação é realmente simples. Eliasson não utilizou nada de demasiadamente tecnológico. Espelhos, lâmpada de vapor de sódio (entre as mais baratas – dura tanto, faz muita luz em relação à potência dela, o que explica o porquê dela ser largamente utilizada na iluminação pública em geral), e um pouco de vapor de água para lembrar o clássico clima londrino.

O interessante foi o resultado dessa experimentação: as pessoas que ali entravam se sentiam tão bem ao ponto de sentar, deitar por minutos, como se realmente estivessem em uma praça ensolarada. O vapor quando se condensava criava a sensação de nuvens, tornando o projeto mais dinâmico e mais próximo da realidade.